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Udena, Unidad de Naturaleza, Natural History Unit
  • Entrevista exclusiva com o Produtor de Séries da BBC, PETER BASSET
  • 14/11/2010
  • Ao longo dos anos, você produziu uma gama de documentários de HN caracterizados por visuais estonteantes, desde o fantástico “Animal Camera” (Câmera Animal) e a macro-fotografia de “Life in the Undergrowth” (Vida de Crescimento Subterrâneo) até os inacreditáveis zooms de longa distância que vemos em “Nature’s Great Events” (Os Grandes Eventos da Natureza) - Quanto de experimentação com os novos equipamentos e técnicas você executa na fase de pré-produção para conseguir resultados tão bons na locação?

     

    Depende muito do projeto em questão. Muito raramente, começamos do zero quando tentamos chegar aos limites da filmagem de vida animal. Em geral, usamos as fases de pré-produção e produção para experimentar uma nova tecnologia que já tenha sido desenvolvida parcialmente por um cinegrafista em algum lugar e que compartilhe a minha paixão de capturar imagens que nunca tenham sido vistas antes.

    Para a “Animal Camera”, trabalhei com o cinegrafista Jonathan Watts – uma relação de trabalho que começou há muitos anos, quando fazíamos experimentos com câmeras miniaturas para as séries “Predators” (Predadores) e “Lion Battlefield” (Campo de Batalha do Leão). A experimentação que o Jonathan realizou nesses projetos mais antigos formou a base da tecnologia para o “Animal Camera”. Conforme as câmeras e os equipamentos de transmissão tornaram-se mais miniaturizados, nos demos conta que poderíamos nos aventurar em novas áreas e ilustrar histórias não contadas de uma maneira de visual espetacular, que não parecesse artificial.

    O último me foi especialmente importante, e para garantir que novas técnicas (tanto das câmeras como dos gráficos) fossem usadas de modo motivador, lutamos com o cronograma de edição (às vezes separamos períodos de edição por filme) para que pudéssemos experimentar com todos os componentes sem ter a sensação de ser apressados por prazos iminentes. Nos deu, também, tempo suficiente durante a produção para arrumar e desenvolver estas novas técnicas e, assim, definir ainda mais a ambição das seqüências. Para que os projetos experimentais tenham sucesso, é essencial ter uma equipe de pessoas com pensamento semelhante, e qualquer êxito que alcancemos em projetos conceituais como “Predators”, “Lion Battlefield” e “Animal Camera” é devido aos talentos do diretor de arte, Rob Hifle, do editor Steve White, do diretor experimental Tim Green e graças ao conhecimento e talentos incríveis de Lloyd Buck, que trabalhou por 6 anos no treinamento dos pássaros que foram as estrelas do nosso programa.

    Para “Life in the Undergrowth”, tivemos muita sorte de ter o cinegrafista Martin Dohrn trabalhando na série. O Martin está à frente de desenvolvimento técnico em filmagem de vida selvagem há mais de 20 anos e do fabuloso sistema ‘frankencam’, que usamos para investigar o mundo dos insetos. Ver tal mundo ao nível do olho humano foi o resultado de muitos desenvolvimentos incrementados por ele ao longo de todos esses anos – além da união das técnicas de microscopia e cirurgia endoscópica! Não é fácil conquistar novos territórios e tenho que dar o devido reconhecimento a Jonathan e Martin – eles são verdadeiros pioneiros e as pessoas que tornaram meus sonhos de infância realidade: voar ao lado de um bando de pombos, ou deslizar ao lado de uma lesma, eternamente – e me sinto muito privilegiado quando tenho a oportunidade de trabalhar com eles.

    Em relação aos zooms, presumo que esteja pensando nas incríveis imagens aéreas inspiradoras capturadas por meio do sistema ‘cineflex’; essa tecnologia foi usada pela primeira vez com muito sucesso em “Planet Earth” e defendido por produtores como Vanessa Berlowitz.Nature's Great Events” foi bom o suficiente para basear-se em seus próprios desenvolvimentos e Hugh Pearson, o produtor de programas marítimos, foi mais longe ao aperfeiçoar o uso de sistemas de estabilização de barcos no mar. . Como a maioria dos Produtores, estou constantemente em busca de inspiração de outros diretores, muitos não envolvidos com filmagem de vida selvagem, e usando/adaptando estas técnicas dentro dos meus próprios programas. Fico sempre impressionado com a inovação e criatividade em comerciais de carros, videoclipes de música pop da MTV2 e longas-metragens, e quando vejo algo que pode ser usado em um contexto de história natural, imediatamente guardo para um projeto posterior!  

     

    Além de visuais deslumbrantes, é o forte conteúdo de narração de suas produções o que faz elas tão atraentes para os espectadores – Que processo você usa ao desenvolver e traçar narrativas poderosas em suas produções?

    Esta é difícil de responder rapidamente, visto que é um processo que ocorre desde o primeiro até o último dia de produção!

    Me sinto sempre inspirado pelas histórias que vejo na natureza, e me divirto o dobro do que sou capaz de dividir com os outros – seja quando estou em uma caminhada, observando pássaros ou fazendo filmes da vida selvagem. É este fato simples que me faz fazer o que faço.

    Quando tenho uma base para uma boa história, como a maioria das pessoas, sempre escrevo um resumo embasado antes que qualquer filmagem comece. Inicialmente, tento escrever sem me controlar de modo algum, e vejo até onde isso vai antes de analisá-lo muito – acho que escrever em trens ou aviões ajuda neste processo! Escrevo sobre as coisas que me animam e sempre penso sobre como contar a história para minha família e amigos enquanto escrevo – o que eu diria, o que deixaria de fora, etc., e então desafio tudo e tento garantir que não segui nenhum processo automático e que escolhi a maneira mais óbvia de estruturar o filme. Estou também sempre pensando sobre abordagens mais rápidas para dar seqüências a construções, sempre que possível com um pouco de humor! A abertura dos primeiros minutos é crucial, e é aí onde tem-se que definir o filme e envolver o público. Como resultado, passo mais tempo trabalhando nesta área do que em qualquer outra parte do filme. Conseguir um final satisfatório é muito importante e não relaxo enquanto não tenho bons planos para essas áreas do filme. Sempre que possível, coloco em storyboard cada seqüência do filmes antes de ir para a locação.  Acho que estar bem-preparado me permite improvisar de uma maneira mais enfocada quando, inevitavelmente, os planos de filmagem e as oportunidades criativas mudam na locação.

    Assim que tenho imagens e palavras no papel (na minha cabeça, com idéias para trilhas sonoras, etc.) posso também desafiar-me em áreas que não parecem estar funcionando com as ferramentas que escolhi durante a minha carreira, assistindo outros cineastas (como David Attenborough, Brian Leith e Alan Root,) e ouvindo os gurus de roteiros. Uma vez na locação, sempre tento colocar em storyboard para reescrever a seqüência novamente, aproveitando as novas oportunidades disponíveis ou usando as oportunidades reduzidas ao máximo.

    Como todos sabemos, raramente somos capazes de capturar todos os elementos que queremos colocar no nosso filme, então grande parte da reestruturação do roteiro ocorre durante o processo de edição.  Novamente, tive a sorte imensa de trabalhar com editores incríveis, que transformam minhas idéias originais, dando um foco objetivo ao processo e desafiando de modo construtivo cada parte do roteiro.  Valorizo muito, também, ter outros focos objetivos na parte final do processo de edição e no passado apreciei bastante a entrada de vários executivos e outros na equipe de produção, que ajudam a garantir que o roteiro seja desdobrado da melhor maneira possível e seja agrupado corretamente.  

     

    A reputação da BBC como líder mundial no campo de filmagem de HN tem sido preservada ao longo de muitas décadas, graças aos consistentes altos padrões e à inovação de suas produções mais valorizadas – Quanto disso é devido à especialidade e à paixão daqueles envolvidos nas produções e quanto disso é devido unicamente ao orçamento?

    Não há dúvidas que os cineastas de vida selvagem com quem tive o prazer de trabalhar na unidade de história natural da BBC estão entre os indivíduos mais criativos e entusiasmados que já conheci; muitos dedicaram suas vidas a criarem os filmes de vida selvagem de maior qualidade. Os produtores mais qualificados tem um talento incrível em suas carreiras de trabalhar com todos os tipos de programação de vida selvagem, seja as séries muito valorizadas ou as de menor orçamento, ou programas para crianças. Veja aos valores da produção “Deadly 60”, ou a inovação em “Spring and Autumn watch” – programas fantásticas de orçamentos bem baixos.  Já faz tempo, mas houve também uma série da BBC chamada “Watch Out” que foi produzida com um orçamento bem limitado que foi aproveitado com muita inovação – e com muito humor, também. Esta série me provou que você não tem que ter grandes orçamentos para ser criativa.

    Não há dúvidas também que, ao tentar encontrar e filmar novos animais, e comportamentos raros, em geral não há outra alternativa além de passar muito tempo em campo. Isto se torna inevitavelmente muito caro, quando combinado com o uso de “heligimbals” (um elemento com expectativa de se tornar um marco em séries hoje em dia) e o teste de tecnologias inovadoras. Como resultado, as produções mais valorizadas demandam orçamentos bem altos, se vão continuar a evoluir dentro do gênero. Entretanto, ter um alto orçamento não quer dizer necessariamente que o filme será um sucesso – orçamentos altos geram expectativas ainda maiores e os produtores tem que realmente usar todo recurso a sua disposição se querem alcançar esse objetivo. Como resultado, os produtores mais experientes tem que ser muito flexíveis para conseguirem continuar quando tudo às vezes parece estar indo contra eles.

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