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Udena, Unidad de Naturaleza, Natural History Unit
  • Entrevista exclusiva com ANA LEIVA, diretora da Fundação Biodiversidade da Espanha
  • 14/11/2010
  • Ana Leiba iniciou sua carreira política como Conselheira de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Governo de La Rioja em 1990.  Em seguida, tornou-se representante da região no Congresso de Deputados da Espanha. Foi, também, vice-presidente da Comissão de Agricultura e, por dois anos, foi Secretária de Estado para Cooperação Regional na Administração Pública. Atualmente, ela é Diretora da Fundação de Biodiversidade, apoiada pelo Ministério de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca do Governo Espanhol.

     

     

     

    Em quase doze anos de existência da Fundação de Biodiversidade, alguns objetivos importantes foram alcançados, incluindo a fusão com a Fundação de Parques Nacionais em 2006. A Espanha é um dos países europeus com maior número de áreas protegidas. Qual a importância e a posição realista das riquezas naturais espanholas no contexto europeu?

    A Espanha é um exemplo representativo de diversas biodiversidades existentes no planeta. Na realidade, a região mediterrânea constitui um dos 25 pontos de biodiversidade mais relevantes no mundo, e, portanto, uma área relevante para conservação em escala mundial. O território espanhol contém 8000 espécies de plantas vasculares, que representam mais de 80% de todas as espécies européias; 50% da fauna européia, e quase 50% dos habitats considerados prioritários pela Diretriz de Habitats.

    Nosso país é, portanto, uma importante reserva de biodiversidade para a Europa. Estamos conscientes do valor desse patrimônio e da responsabilidade para sua conservação. Nossas perspectivas para o desenvolvimento dependem da nossa capacidade de preservar os ecossistemas em condições adequadas e as reservas que os abastecem, cujo valor triplica o PIB mundial. Mas também acreditamos que a conservação da natureza, feita de forma adequada, pode viabilizar um veículo muito importante para a criação de empregos e riquezas.

    Para isso, sob a recente Presidência Espanhola da União Européia, o Governo Espanhol fez esforços notáveis para incluir a conservação da biodiversidade na agenda política, e para definir novas diretrizes de ações de médio e longo prazo para todos os Estados membros. Em janeiro de 2010, o Ministro de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca, com a colaboração da Fundação de Biodiversidade, reuniu cerca de 500 especialistas europeus e empresários em uma conferência em Madri, “Objetivo e visão pós-2010 em termos de biodiversidade: O papel de áreas protegidas e redes ecológicas da Europa”, para abrir um debate europeu e promover objetivos ambiciosos e realizáveis. A conferência em Madri começou com as “Prioridades Cibeles” , um compêndio de sugestões que juntas formam um objetivo a longo prazo para suspender as perdas na biodiversidade e na deterioração das reservas dos ecossistemas.  Por iniciativa do governo espanhol, essa medida foi incorporada às “Conclusões relativas à biodiversidade pós-2010”, adotada pelo Conselho de Ministros do Meio Ambiente da União Européia em 15 de março de 2010.

    As “Conclusões relativas à biodiversidade pós-2010” estabeleceram um ambicioso objetivo intermediário para interromper, em 2020, as perdas da biodiversidade e a deterioração das reservas dos ecossistemas, reconhecendo a contribuição para a prosperidade econômica e o bem-estar da população. Além disso, as conclusões focam em um plano a médio prazo que visa proteger a biodiversidade, valorizar e recuperar essas reservas em 2050.  Nesse mesmo contexto, o Conselho de Ministros sugeriu que a Comissão Européia apresentasse nesse ano, após a 10ª Conferência das Partes no Acordo sobre Biodiversidade Biológica, celebrado em Nagoya (Japão) e em colaboração com os Estados membros, a Estratégia para Biodiversidade da União Européia pós-2010.

    Estamos trabalhando intensivamente para avançar na direção certa. Partindo da Fundação de Biodiversidade, continuaremos trabalhando em concordância com a alta consideração que o governo espanhol concede para a conservação da herança natural e da biodiversidade.

     

    Sua carreira permitiu que a senhora se aproximasse das pessoas do interior do país. Atualmente, o crescimento das grandes cidades está acarretando na diminuição das áreas rurais espanholas. Poderia essa situação afetar nosso ecossistema e expor os problemas para preservação da flora e fauna do interior?

    Na Espanha, as áreas rurais representam 90% do território, 35% da população e acumula praticamente todos os recursos naturais, assim como parte significante do nosso patrimônio cultural. Cientes desse cenário, nossos interesses na natureza somente aumentaram. O aumento na qualidade de vida das áreas rurais é requisito básico para estabilizar a população e manter e o uso da terra que garante proteção e conservação.

    Nossa visão é que o desenvolvimento da área rural e a conservação da natureza possam ser considerados como objetivos complementares e mutuamente dependentes: a conservação do patrimônio natural e da biodiversidade nas áreas rurais contribui positivamente para o desenvolvimento sustentável das atividades relacionadas ao uso dos recursos naturais, como a agricultura, pecuária, caça, exploração de madeira, entre outros.

    Se formos incapazes de manter a população nas zonas rurais, se formos incapazes de certificar que essas pessoas que tradicionalmente exploraram esses recursos como forma de subsistência também possam atuar como protetoras dessas áreas; será muito difícil sermos bem sucedidos na preservação dessas condições que permitem esse cenário atual de recursos naturais. Portanto, estabelecemos o desenvolvimento sustentável das áreas rurais como uma de nossas principais áreas de atuação

    Estamos colaborando com as características sociais das zonas rurais para aplicar modelos de administração e uso sustentável de seus recursos, e para valorizar sua herança natural. Junto com outros meios, também fazemos isso através do Programa Empleaverde, co-financiado pelo Fundo Social Europeu, apoiando projetos como “Fundação Vias verdes” (trilhas públicas), para consolidar o uso sustentável dos recursos naturais por meio do desenvolvimento de atividades de conservação da natureza, turismo sustentável e lazer nas trilhas públicas; ou o da Fundação Felix Rodriguez de la Fuente (Run@emprende) para o estabelecimento de novas atividade econômicas sustentáveis, tanto nas áreas rurais quanto em áreas de convergência da Rede Natura 2000 e outras áreas protegidas.

     

    A Espanha está relacionada à América Latina não somente no nível lingüístico como também a nível cultural. Além disso, as riquezas naturais de ambos os lugares são significantes. A Fundação Biodiversidadade desenvolve mais de 400 projetos anuais direcionados para preservar o patrimônio natural e a biodiversidade. Qual a importância da colaboração e apoio em projetos por parte da Fundação, como entidade espanhola, relativos à sustentabilidade da biodiversidade na América Latina?

    Acreditamos que os desafios ambientais exigem ação global. Para esse fim, cooperação mais desenvolvimento é necessário como veículo para reduzir a pobreza e reverter a deterioração dos ecossistemas. A América Latina é uma área prioritária no nosso foco de trabalho. Os projetos de cooperação internacional em que nós colaboramos lá são voltados para redução da pobreza, fortalecimento das instituições locais e apoio na troca de conhecimentos e tecnologias, promovendo o uso sustentável dos recursos nas comunidades indígenas, encorajando o eco-turismo; todos estes atos estando baseados em acordos internacionais relativos aos nossos recursos.

    A Fundação Biodiversidade realizou mais de 30 projetos em 20 países latino-americanos nos últimos anos. Eles destacam iniciativas como o desenvolvimento sustentável da Floresta Atlântica do Alto Paraná, com áreas indígenas e rurais da tribo “Los Lapachos” (Paraguai), ou de desenvolvimento sustentável no Parque Nacional do Iguaçu (Argentina).

    Devo também mencionar nosso apoio em varias proezas da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID) na estatura do Programa Conifer XXI e outras partes inativas, como aquela da Fundação Help in Action para a proteção da tartaruga marinha e da diversificação de meios sustentáveis de via na Baia Jiquiliso, Usulatan, em El Salvador, ou a Associação Chelonia para conservação e administração do Croocodilo Orinoco (Crocodylus intermedius) na planície oriental colombiana, ou o projeto da Ação Indígena Watu para proteção de populações isoladas e apoio administrativo para o Parque Nacional Cordillera Azul no Peru.

    Igualmente, nós promovemos a conquista de fóruns de debate entre especialista, técnicos e empresários, como a Reunião Iberoamericana de Desenvolvimento Sustentável (EIMA 7), organizada no ano passado no Brasil pela Fundação CONOMA, ou a Conferência Iberoamericana de Reservas da Biosfera que a UNESCO realizará no México em novembro de 2010.

     

    Ano passado, graças ao Dia Mundial da Biodiversidade, a Fundação prestou uma homenagem ao mundo com imagens de fotógrafos como Joel Sartores e Andoni Canela. Nesse tributo, a importância da imagem como um meio de consciência ambiental foi reconhecida. Quais possibilidades tem os programas voltados para a natureza na Espanha como uma ferramenta de aumento de consciência, na sua opinião?

    Aqui na Fundação Biodiversidade nós temos consciência do valor das tarefas de jornalistas, diretores de cinema e fotógrafos em transferir para a sociedade a reflexão do nosso modelos de desenvolvimentos e vários hábitos e dependências que precisamos encerrar, se realmente pretendemos conservar a beleza, função e saúde da natureza, que também são nossa beleza, função e saúde.

    Quem não se lembra o que aprendemos graças ao Felix Rodriguez de la Fuente? Nossas memórias carregam traços indeléveis do que já vimos, do que testemunhamos em primeira mão ou graças ao trabalho de intrépidos profissionais.

    Destacamos tal comprometimento dos profissionais que ofereceram seus talentos, esperanças e trabalhos duro pela conservação e uso sustentável do patrimônio natural e da biodiversidade, por meio do Prêmio da Fundação Biodiversidade (cujo anúncio desse ano está aberto até setembro de 2010) e no dia a dia, com projetos conjuntos em apoio a novos esforços.

    Contribuímos para a realização de uma série de alta qualidade veiculada pela Television Espanola, que lançou na Espanha os filmes “Earth” (Terra) e “Oceans” (Oceanos), apenas para mencionar os casos de maior impacto; mas também colaboramos com produtores nacionais para cobrir a investigação das marcas de patas das migrações sazonais ou das vantagens das florestas, e como diretores tais como Eduardo Chapero-Jackson, que assinou no ano passado um curta-metragem marcante de ficção científica chamado “The End” (O Fim), que avisou sobre a violência que devastaria um mundo sem água.

    Nesse Ano da Biodiversidade Internacional, contribuímos financeiramente para aumentar a consciência que sugere as Nações Unidas com o “Biodiario”, um espaço diário informativo produzido por Luis Miguel Dominguez, um informante que seguia os passos do grande Felix Rodriguez de la Fuente, e que transmite o programa “La 2”, na Television Espanola.

    Sem dúvidas, esforços para informar a sociedade são ainda necessários para alavancar o valor e a riqueza do patrimônio natural que ainda temos o privilégio de aproveitar na Espanha, e para medir quais dilemas estão afetando futura disponibilidade desses recursos. Eu insisto, aqui é onde o valor da imagem como meio de alcançar sensibilidade e consciência ecológicas prova-se fundamental. E, por sua vez, informar a sociedade é o instrumento certo para buscar ação conjunta em larga escala que poderia afetar essas causas de destruição ambiental que, juntos, podemos parar.

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