Sua companhia, Yoho Media, foi a primeira no Reino Unido a adotar a Câmera RED. Quais foram as características da RED que o convenceram a se aventurar e investir na idéia, e quais ajustes você teve de fazer em seus métodos de trabalho para acomodar essa nova tecnologia.
Eu sempre adorei criar imagens fortes e foi isso que me levou a adotar a Câmera RED. Eu estava um tanto decepcionado com a maioria dos formatos em alta definição disponíveis no período, mas quando a Câmera RED surgiu, ela apresentou uma oportunidade muito emocionante de usar a tecnologia digital para criar imagens cinematográficas soberbas.
Houve acalorados debates sobre as Câmeras RED. Não há dúvidas de que existem modelos mais baratos, menores, mais leves e mais robustos em oferta, mas poucos conseguem igualar a qualidade de imagem. Por ter trabalhado com a câmera por dois anos e por ter visto seu desenvolvimento nesse tempo, estou mais empolgado do que nunca.
Dentro de uma realidade em que não existem mais fitas, a produção digital tem se mostrado uma interessante curva de aprendizagem. Trabalhamos muito com filmes de 16mm e a RED é uma ferramenta muito cinematográfica, então muitas práticas ainda são as mesmas. Mas há muitas novidades no fluxo de trabalho digital. A habilidade da câmera de captar dados originais oferece um potencial tremendo, mas ela precisa ser manuseada cuidadosamente. Nós tivemos de aprender uma nova abordagem para exposição para alcançar o potencial máximo do sensor, explorando suas capacidades e protegendo-a contra suas limitações.
O fluxo de trabalho digital também criou algumas ótimas oportunidades. Eu adoro o fato de podermos criar filmes de alta qualidade com um pouco mais que uma câmera e um laptop e começar a editar assim que filmamos, em qualquer lugar do mundo
Além do Reino Unido, muito do trabalho que você faz se dá na Europa, África e no Oriente Médio. Qual foi sua experiência em viajar com a Câmera RED, de país em país e por locações remotas?
Levamos as câmeras para locais fantásticos como Egito, Arábia Saudita, Estados Unidos, Etiópia e Sudão. Quando se está em locações espetaculares, seja o Vale do Nilo ou as montanhas do País de Gales, você quer estar certo de que a câmera faça jus à beleza dos locais.
A Câmera RED é razoavelmente pesada, mas como ela é um sistema modular, é possível construir uma estrutura para que seja mais fácil de utilizá-la no campo, seja sozinho ou em duplas. Também tem o benefício de sistemas duplos – em termos de monitoramento e armazenamento de dados - então se uma opção falhar, sempre há um plano B.
Na Yoho Media você tem suas instalações internas para edição. Quais são as principais medidas pós-produção que devem ser consideradas ao editar filmagens utilizando a Câmera RED?
Nos primeiros dias em que se utilizou a RED, foram muitos os problemas com a pós-produção e o fluxo de trabalho, mas com a popularização das câmeras, essas questões foram resolvidas. Agora é suficientemente simples para editar e definir as seqüências usando qualquer sistema, e os sistemas de edição não-lineares podem ler os arquivos principais diretamente.
A melhor coisa de se trabalhar com a RED na pós-produção é que há muitas funções acessórias para se experimentar; se você não gostar da forma que ficou, você tem uma tremenda liberdade de ação para fazer ajustes, tanto na classificação quanto no enquadramento. Editar com as seqüências da RED é como estar em um ambiente mais flexível, onde é possível moldar as seqüências para que elas se encaixem nas necessidades da filmagem.
Outras questões quanto à utilização da RED na pós-produção é o armazenamento dos dados. Em um dia normal de filmagem, produzimos cerca de 200 GB de dados e isso preenche todo o espaço em pouco tempo; se as coisas não forem adequadamente copiadas, isso pode se tornar um risco. A solução que encontramos foi a fita LTO. Cada fita armazena 800GB de dados não-comprimidos e as utilizamos para copiar tudo sem pressa, tanto durante a produção quanto durante o arquivamento.
Câmeras RED estão sendo cada vez mais utilizadas em Hollywood para filmar produções inteiras, mas ainda não foram adotadas pelos cineastas de História Natural no Reino Unido; você sabe o porquê disso?
As câmeras estão sendo utilizadas em vários projetos. Nossas câmeras filmaram videoclipes musicais, comerciais, documentários, curta metragens, filmes corporativos e vídeos de instalações artísticas. De uma forma genérica, as câmeras são usadas mais para projetos que provavelmente seguem a mesma tendência de produções filmadas no passado, quando havia o real desejo de se criar imagens contemporâneas e de alta qualidade.
A transmissão mundial tem adotado a RED lentamente, mas alguns pioneiros estão a fazer grande uso das câmeras. No mundo da História Natural, o belo “The Wild Pieces of Essex” (Locais Selvagens de Essex), da série “Natural World” (Mundo Natural), é um grande exemplo – bonito e cinematográfico.
Você acha que a RED é a tecnologia para o futuro?
Eu não sou vidente, mas meu palpite é que o futuro será tridimensional (e a RED já está bem adaptada a essa tecnologia).
A RED só tem alguns anos de idade e já causou grandes impactos no meio da tecnologia para câmeras. A RED 1 é só um protótipo e há muito mais por vir. Até o final do ano veremos o lançamento da Epic, a segunda geração das câmeras Red, que serão menores, mais leves e mais modulares, oferecendo resolução de 5K em 250 fps, além de interessantes características dinâmicas. Já encomendamos uma e mal posso esperar para tê-la em minhas mãos.
A revolução causada pela RED é apenas uma parte da nova onda de filmagem digital que está a se desenvolver em ritmo surpreendente. Está mudando vários pressupostos sobre a produção de filmes e as mudanças significativas ainda estão por vir. Como em uma bola de neve, tenho certeza de que veremos incríveis desenvolvimentos que tornarão televisão e cinema acessíveis de formas nunca antes vistas. Desenvolvimentos tecnológicos, sejam em alta resolução ou em câmeras pequenas, são somente o cenário para uma nova geração de produção cinematográfica inventiva e criativa. O modelo 5D Mk II, da Canon, pode ser considerado uma ferramenta mais revolucionária, mais revolucionária que a própria RED, considerando que ela quebra barreiras – financeiras, técnicas e até físicas – que constituíram o processo no passado. Por todo mundo vemos pessoas tendo acessos a essas novas ferramentas e utilizando-as de formas novas e excitantes, indo além da imaginação de seus inventores. E que continue assim por muito tempo.