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Udena, Unidad de Naturaleza, Natural History Unit
  • Entrevista exclusiva com ODILE RODRIGUEZ de la FUENTE
  • 14/11/2010
  • Seu pai, Félix Rodriguez de la Fuente, foi um dos mais importantes expoentes espanhóis que lidaram com vida selvagem. O trabalho dele inclui mais de 600 documentários televisivos, 270 programas de rádio e 20 publicações acadêmicas. Você acha que a preservação dos ambientes selvagens na Espanha estaria em pior estado não fosse por Félix?

    Sem dúvida, eu acredito que o nível de biodiversidade na Espanha e a sua proteção, bem como o nível de conscientização pública, seriam muito diferentes. Meu pai começou seu trabalho em uma Espanha que, na época, exercia um “programa de extermínio de animais perigosos”, no qual as autoridades locais pagavam recompensas para qualquer um que os trouxesse restos mortais de um predador. As décadas de 60 e 70 são lembradas por terem sido um período de significativo desenvolvimento na mentalidade ambiental, porém imediatista, no qual a natureza era apreciada exclusivamente para os benefícios econômicos que sua exploração intensiva poderia trazer. Foi contra esse cenário que meu pai se fez ouvir, e isso não resultou somente na lei resguardando a proteção das espécies de predadores - como as aves de rapina e o lobo -, que ele transformou em espécies valiosas para a filmografia especializada.  Ele também lutou ativamente pela preservação de seus habitats naturais, que são parques nacionais hoje em dia, como os parques Las Tablas de Daimiel, Doñana e Cabreza. Mas de todo trabalho que meu pai fez, penso que o mais importante foi o grande esforço feito por ele para despertar a consciência ambiental pública por meio da mídia. Seu magnetismo e carisma venderam milhões de enciclopédias por todo mundo, e suas séries de TV tiveram os maiores índices de audiência durante os anos em que foram ao ar. O público espanhol foi grato pela campanha de consciência ambiental que, graças ao meu pai, mudou a consciência do país. O trabalho que ele desenvolveu com crianças e jovens talvez seja o mais impressionante, visto que muitas dessas crianças são os cientistas, ativistas e disseminadores de agora. A trajetória de Félix foi grandiosa, seu trabalho alertou milhares de vocações e renovou o respeito pela natureza.

     

    A data de 14 de março desse ano marcou os 30 anos da morte de Felix, durante uma filmagem no Alasca a bordo de uma pequena aeronave. Seus programas alcançaram cada canto do planeta com produções em pé de igualdade com série como “The man and the Earth” (O homem e a Terra) para a televisão espanhola. Nesse sentido, Felix foi para a Espanha o que Jacques Costeau foi para a França ou David Attenborough é para o Reino Unido. Você acha que seu pai, ao lado desses personagens emblemáticos, tem traços em comum que os levam a atingir status equivalentes em seus respectivos países?

    Podem existir traços em comum entre eles, visto que os três desenvolveram seus trabalhos durante a mesma época. O advento da televisão tem muita relação com o início de uma era de grande consciência ambiental. Eles eram as vozes da natureza e utilizavam todo veículo de comunicação em um período da História em que o Homem reavaliou sua relação com a natureza, que até então era vista como uma fonte de recursos inesgotáveis.

     

    O objetivo da Fundação Felix Rodriguez de la Fuente é de salvaguardar o trabalho, vida e legado de Felix, incentivando projetos que promovem a harmonia entre “homem e Terra”. Sabemos que o Homem está interferindo drasticamente na natureza. A harmonia pode ser achada, considerando a condição que o planeta se encontra? Você acredita que ainda estamos em tempo de remediar essa situação?

    Se eu não acreditasse nisso, não dedicaria minha vida para o trabalho que faço atualmente. Estou convicto de que, mesmo na mais extrema situação imaginável, os seres humanos sempre terão a oportunidade de restaurar um profundo senso de harmonia com o ambiente que os mantém. O problema é que quanto mais tempo levarmos para reagir, maior será o preço que pagaremos como espécie. Tenho sempre dito que é fundamental que reconheçamos que o maior dano que causamos ao planeta é causado à nossa própria espécie. A história da vida na terra prova que o planeta sobreviveu a extinções em massa, mas é provável que a humanidade não seja capaz de lidar com uma mudança drástica no clima como as que já estamos experimentando, e ainda menos se afetarmos a capacidade natural da terra de se adaptar a esse tipo de mudança.  Biodiversidade é a melhor fórmula que a ‘vida’ encontrou para maximizar seu potencial de adaptação às mudanças e nós estamos destruindo esse potencial. É importante que comecemos a reconhecer que a vitalidade do planeta é um reflexo da vitalidade humana. Todo mal sofrido pela Terra será sofrido pela nossa espécie de forma mil vezes mais intensa.

     

    Odile, você se formou biólogo nos EUA e começou sua carreira profissional no canal National Geographic, envolvido com desenvolvimento e produção entre 1996 e 1999. Quais são suas lembranças desse período, e qual foi a lição mais importante aprendida nesse local prestigioso?

    Tenho lembranças adoráveis desse período. Era uma oportunidade única de aprender com os melhores sobre a realidade nos bastidores dos documentários em História Natural. Orçamentos, propostas, co-produções, pesquisas, etc... Eu tive a oportunidade de vivenciar projetos fascinantes em primeira mão e de conhecer pessoas maravilhosas. Acredito que a lição mais importante foi que, se você tiver boas idéias para documentário sobre um assunto pelo qual se é apaixonado, você tem os ingredientes necessários para ir longe nessa área.

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